Entrevista com a banda Seu Juvenal
de on janeiro 28, 2017 dentro Entrevistas
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O rUmOrS mAg bateu um papo bem bacana com o vocalista Bruno Bastos da banda Seu Juvenal, confira a entrevista.

Antes de mais nada eu gostaria de dizer que é uma honra entrevistar vocês. Pirei na audição de “Rock Errado”. Inicialmente eu gostaria que falassem um pouco sobre o início do Seu Juvenal. Como foi esse começo? A banda segue na mesma formação? Poderia citar a atual formação da banda?

Bruno Bastos Saudações! Bom, a banda foi formada em Uberaba/MG no ano de 1997. O nome da banda foi pensado com o intuito de remeter a uma identidade nacional e também mineira. As músicas sempre foram compostas em português. Inicialmente, e até pouco depois da gravação do primeiro disco – “Guitarra de Pau Seco” de 2004 – a banda contava com três guitarras e até um trompetista. Muitos integrantes foram abandonando o barco até o Seu Juvenal chegar a ser um power trio! Nessa época os irmãos Zacharias – batera e guitarra – já haviam se mudado para Ouro Preto, onde moro. Eu tinha uma banda com o Zaca chamada Cachorros Mortos, que estava em processo de dissolução. Então o Seu Juvenal se apresentou aqui na Praça Tiradentes. Eles procuravam um vocalista nessa época. Durante o show eles me chamaram pra cantar uma música deles que os Cachorros Mortos tocavam em seu set, “Via Láctea”, que mais tarde entraria no disco Caixa Preta, de 2008. A parceria funcionou e após alguns meses fui convidado a entrar para a banda. Gravamos o “Caixa Preta” e desde então mantemos essa formação.

O Seu Juvenal já pode ser considerada uma banda veterana de MG, na batalha desde 1997. Nesse tempo houve alguma mudança significativa no som de vocês ou estão na mesma pegada?

Bruno – A partir da minha entrada direcionamos o som da banda para um rock mais seco, mais direto. Porém sem largar totalmente o lado mais experimental da banda, muito presente no primeiro disco. O Seu Juvenal sempre será uma banda sem amarras sonoras. Prezamos muito a liberdade musical.

Nos fale um pouco sobre o último trabalho, o “Rock Errado”. Como vem sendo a recepção da imprensa e do público para esse álbum? Essa mistura de estilos vêm sendo bem aceita?

Bruno – A recepção deste trabalho tem superado todas as expectativas, o que é muito bom, pois todos os envolvidos se dedicaram bastante para que o resultado fosse o melhor possível com o que tínhamos em mãos. E, sim, nossa ‘mistureba’ maluca tem tido uma aceitação bem legal!

A cena Alternativa na minha opinião nunca esteve tão rica, bandas de qualidade brotando e as veteranas como vocês matando a pau. Na opinião de vocês, acham que dessa vez a galera está mais unida que em tempos atrás?

Bruno – É verdade, tem muita coisa boa por aí, mas você tem que correr atrás, pois a mídia tradicional não promove esse tipo de coisa. Acho que as bandas estão unidas, mas ainda falta uma participação maior do público com relação à música autoral independente. Pelo menos aqui na região.

Fale um pouco da Cena Underground e os eventos que já estão se tornando tradição em MG?

Bruno – Aqui em Minas conheço bem a cena do triângulo mineiro, onde há uma cena muito rica já há bastante tempo, com festivais como o Jambolada, Novas Tendências, Udirock, Timbre e Pegando Fogo. Aqui do lado em BH existe o M.U.R.R.O, movimento underground rock n’ roll, que agita a cena da capital o ano inteiro. Em Ouro Preto temos o coletivo Rock Generator, que sempre traz ótimas atrações e também movimenta as bandas locais. Eles organizam desde 2011 o festival Rock Generator, que acontece algumas vezes durante o ano. Os caras levam um gerador de energia para um espaço do caralho não aproveitado aqui na cidade e as bandas mandam ver!

E sobre a cena/cultura de MG o que você mais admira? Existe algo que não gosta e que mudaria?

Bruno – A cena cultural assim como a cultura mineira em si são duas coisas fantásticas. Sentimos que temos muita sorte neste sentido. Admiramos muito a arte produzida no estado, assim como o modo mineiro de ser.  Ambos possuem uma marca peculiar e ao mesmo tempo diversificada. E Ouro Preto ainda tem toda essa forte bagagem artística e histórico-cultural. Uma coisa que posso dizer que nos incomoda por aqui e que já é uma questão historicamente complicada é a relação universidade/cidade. Não há sintonia nem diálogo na área profissional, e os estudantes na maioria das vezes parecem apenas arruaceiros que vieram para curtir até não poder mais, sem respeito algum com a vizinhança. As repúblicas estão por toda a cidade. É claro que há exceções, mas no final são sempre uma minoria no quadro geral.

Antes tínhamos o tempo das fitas cassete e hoje dá pra ver qualquer coisa no YouTube, enquanto arquivos de áudio podem ser baixados, legal e ilegalmente, com grande facilidade. Como você vê a indústria fonográfica hoje e os desafios de ter uma banda neste novo milênio?

Bruno – Tenho banda autoral desde o final dos anos 90. As coisas mudaram muito, para o bem e para o mal, mas no final acho que o saldo é positivo. Ficou mais fácil gravar e divulgar, por exemplo. A questão financeira continua uma coisa meio utópica pra mim. Tocamos pouco por que chegou num ponto em que não nos sujeitamos mais a tocar de graça ou até mesmo pagar pra tocar. Acho que toda banda deveria evitar isso. Dessa forma nossa “classe” se fortaleceria como um todo e seria melhor para todos nós. O problema é que se não aceitamos isso, mas outra banda aceita, neguinho chama a que aceita e continua tudo a mesma merda. É foda, porque a coisa que mais curtimos é subir no palco e tocar nosso som.

Quais os planos da banda para 2017? Alguma gravação próxima?

Bruno – Temos algumas metas para 2017. Uma já está em andamento, que é um projeto onde pegamos músicas de artistas ditos “marginais” da MPB e fazemos nossas versões ‘juvenalísticas’ delas. Está ficando muito interessante e levaremos isso para os palcos. A partir daí começaremos o processo de composição e pré-produção de um novo disco. Fora isso estamos planejando tocar na Europa no segundo semestre.

Obrigado pela entrevista e sucesso pra vocês! Deixo esse espaço pra você dar um recado aos leitores e aos fãs do seu trabalho.

Bruno – Obrigado pelo espaço e pelas perguntas bem formuladas! Bom, gostaria de agradecer a todos que nos apoiam e mais uma vez convocar o público em geral a sempre que puder sair de casa para prestigiar a música autoral independente. Sem vocês fica muito difícil essa jornada insana! Um bom ano de 2017 para todos! Paz!

Mais Informações:

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